Essa semana tive a excelente experiência de participar do evento METALS2023 organizado pelo ESO em Santiago, Chile. O evento reuniu astronomos de todo o mundo para apresentar e discutir resultados relacionados à produção e distribuição dos elementos químicos no Universo.
Foram 5 dias de evento, com apresentações presenciais e remotas ao longo de todo o dia. No total, foram mais de 100 apresentações de trabalho, e mais alguns posteres. Além de me atualizar a respeito dos resultados mais recentes da minha área de pesquisa (estrelas de baixa metalicidade), ainda foi possível aprender muito sobre outros tópicos relacionados, como o estudo de abundâncias químicas em galáxias e no meio intergaláctico através da análise do espectro de quasares.
Um dos grandes destaques foi a grande quantidade de projetos que farão uso dos dados do 4MOST, um telescópio de 4 metros, que será capaz de obter simultaneamente o espectro de 2700 objetos, e que fará suas primeiras observações já em 2024. No campo de busca por estrelas de baixa metalicidade, tiveram destaque também os levantamentos fotométricos que fazem uso de filtros estreitos sensíveis a metalicidade, como o Pristine, o Skymapper e o S-PLUS (que foi o foco da minha apresentação).
Outra apresentação excelente foi a da Ása Skúladóttir, da University of Florence, que, entre inúmeros outros resultados, apresentou a descoberta da estrela mais pobre em abundância de Carbono já detectada (recorde que foi do meu grupo de pesquisa por algumas semanas, com a estrela SPLUS J210428.01-004934.2, até Ása publicar seu resultado em 2021).
Nessa conferência, apresentei os resultados relacionados à identificação de estrelas pobres em metal no S-PLUS, e também o resultado dos acompanhamentos espectroscópicos que realizamos para analisar com detalhes as abundâncias químicas das melhores candidatas que identificamos. Sobre a estrela SPLUS J210428.01-004934.2, mostrei que além da baixa abundância de carbono, essa estrela também é interessante por ser o produto de um meio interestelar enriquecido a partir de uma única explosão de estrela massiva, com 30 vezes mais massa que o Sol, cuja abundância química era a do Universo primordial (um resultado que publicamos em 2021 e foi muito citado durante a reunião).
Apresentei também os resultados recentes da estrela SPLUS J142445.34-254247.1, que publicamos esse mês. Essa estrela é enriquecida em elementos do processo-r, que acreditamos ser o resultado direto do enriquecimento químico promovido por uma fusão de estrelas de neutrons.
Ao longo da reunião, conversei com várias pessoas que se mostraram muito interessadas nos dados do S-PLUS, não apenas para a busca de estrelas pobre em metal, mas também na identificação de quasares brilhantes com o objetivo de selecioná-los para espectroscopia de alta resolução com o UVES (instrumento do telescópio VLT).
No campo das estrelas pobre em metal, conversei bastante a Camilla Hansen, da Universidade de Frankfurt, e com outros astronomos de seu grupo de pesquisa. Inclusive já demos inicio a uma colaboração para a seleção de candidatas para observação em telescópios do Hemisfério Norte, como o Nordic Optical Telescope (aos quais só tenho acesso através desse tipo de colaboração).
Deixo abaixo o PDF da minha apresentação e mais algumas fotos do evento.
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